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Estudos do Século XVIII | Erário Régio Marquês de Pombal

     Por Mauro Burlamaqui Sampaio. 

A origem da criação do Erário Régio.  

 

Lisboa,  Carta de Lei de 22 de Dezembro de 1761.

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Dezembro de 1761

 

É criado o Erário Régio.

Quando em vinte e dois de Dezembro de 1761  o Rei D. José através do seu Ministro do Reino, Sebastião José de Carvalho e Melo apresenta a lei de criação do Erário Régio extinguindo a antiga Casa dos Contos, concretiza-se um objectivo delineado desde o início do reinado em 1750 e que saiu do conselho privado de D. José onde estavam presentes desde sempre os Mercadores-Banqueiros detentores da ciência mercantil e responsáveis pelas reformas necessárias para criação desta Instituição em tudo semelhante na forma como tinha ocorrido noutros Reinos  Europeus.  

Mas então porque só 10 anos depois? 

«Não se começa uma casa pelo telhado»

No projecto Josefino o mais urgente foi reorganizar os regimentos das Alfândegas do Reino e das Colónias com prioridade nas Praças do Brasil, de igual forma, um absoluto combate ao contrabando. Neste desafio estavam envolvidos Alexandre Gusmão, Diogo de Mendonça Corte Real e Sebastião José de Carvalho e Melo, com suporte e prática financeira dos Mercadores-Banqueiros cujo grupo mercantil associado com portugueses era representado pelas casas; Médici, Nicolini & Beroard,  Pedegache, Blanc & Burlamacchi, Quintela & Rossi, Mayne & Brum, Emeretz & Brito e Bandeira & Bacigalupo  de onde saíram formados os futuros directores e contadores gerais do Erário;  João Henrique de Sousa, António Caetano Ferreira, Alexandre António Bon, Baltazar Pinto de Miranda. De igual forma saíram delas gestores para outras Instituições ou contadorias, com destaque especial para o Mercador Professor Alberto Jacqueri de Salles da Aula do Comércio criada em 1759 e que estará envolvido por inerência na criação do Erário.

Salles tem origem e formação na firma inglesa Mayne & Brum, de Roberto Mayne. (1 a) ; (2 a) 

 

Relativamente ao Presidente e Tesoureiro Mor do Erário, Sebastião José de Carvalho e Melo e  João Francisco da Cruz, funcionavam apenas como «figura de estilo»; o Conde de Oeiras por representar o Estado e João Francisco por representar junto com seus irmãos cruzes o Corpo Mercantil Português. 

Para além da reorganização das alfândegas e do combate ao contrabando foi preciso dar início a gestão das novas empresas e instituições programadas nas reformas como; as Companhias Mercantis monopolistas do Grão Pará, e depois a de Pernambuco, a contabilidade das próprias Secretarias de Estado e suas dependências, era necessário introduzir o método científico da escrituração mercantil por livros mestres e cálculos para gestão das caixas em partidas dobradas. Só estes desafios exigiam tempo e sobretudo pessoal formado que não existia no Reino.

A ciência mercantil, tal como noutros Reinos da Europa pertencia a cultura familiar mercadora-banqueira e vivia dentro do espaço empresarial banqueiro privado.  

 

Os Bancos Centrais e Instituições da Holanda e Inglaterra que neste século XVIII estavam avançados na introdução e difusão da gestão moderna mercantil, também tiveram origem na  mesma gestão mercantil  sediada nas grandes casas Mercantis e de câmbios no século XVII, muitas delas, geriam na mesma o dinheiro público neste século XVIII e não poderia ser de outra forma pertence a estas casas  o nascimento  e desenvolvimento do método desde o século XIII.   (1 a) ; (2 a) 

O Rei D. José, Alexandre Gusmão, Sebastião José e Corte Real estavam bem assessorados cuja orientação contou com uma ideia ainda mais importante e estruturante para gerir a economia do Reino; «A criação da Junta do Comércio» sede de todo poder e responsável pela gestão e aplicação das reformas no reinados de D. José e continuados  no de D. Maria I e ainda durante a Regência e Reinado de D. João VI.  

A Junta do Comércio foi criada ainda antes do terremoto de 1755 o que esclarece objectivamente o sentido claro da origem primeira do projecto Josefino-Pombalino,  o próprio desenvolvimento de uma Instituição desta dimensão levaria muitos anos para ser elaborada o que atira o planeamento para as datas anteriores ao início do Reinado de D. José entre 1747 e 1750 . A Junta do Comércio geria todas as Fábricas do Reino, Agricultura, Comercio Mercantil, Comércio Interno, escolas de formação, Marinha de Guerra, Arsenais,  em resumo, «Todo o Estado», Metrópole e Colónias. 

Nada surpreende.

D. José estava a trabalhar  com o grupo mercantil antes de assumir o trono e conhecia  os citados acima do exercício mercantil conforme apresenta a Tese «A Verdadeira Equipa do Marquês de Pombal, os Mercadores-Banqueiros e a Arte da Seda».  (1 a) ; (2 a) 

A Junta do Comércio contou na elaboração da sua Jurisprudência e do seu Estatuto com o Magistrado formado em Coimbra Inácio Ferreira Souto, também ele com família no ramo mercantil; e o que isso tem a ver com o Conde de Oeiras?  Nada. Um bom Ministro coordena bem os planos apenas isso e certamente participa com a importante vontade política que partilhou com D. José.  (1 a) ; (2 a) 

Os homens do Erário Régio, acima citados eram de igual forma deputados primeiros da Junta do Comércio, e como tal, a elaboração e os preparativos para renovar a antiga Casa do Contos com a criação do Real Erário estava na responsabilidade e a ser acompanhado cientificamente, pela Junta do Comércio.  (1 a) ; (2 a) 

Para que o Leitor possa observar as reais aplicações transversais na sociedade, na Junta do Comércio e no Erário Régio segue um excerto do artigo de Dilma Cabral sobre o Erário Régio e que remete biografia.

 (24 out. 2011) artigo Arquivo Nacional do Brasil. Ministério da Justiça do Brasil - http://mapa.an.gov.br/index.php 

Erário Régio

Publicado: Quinta, 10 de Novembro de 2016, 12h43 | Última atualização em Sexta, 04 de Setembro de 2020, 13h14.  

"(...) Inspiradas nas ideias absolutistas, essas mudanças tiveram como objetivo a recuperação da economia portuguesa e basearam-se nos pressupostos de centralização e modernização do aparelho de Estado. Em relação à administração fazendária, as transformações caracterizaram-se pela preocupação com o sistema fiscal, a especialização de funções e órgãos, o aumento da produtividade, o combate ao contrabando e a renovação dos métodos contábeis e de supervisão. Nesse sentido, a instalação do Erário Régio, juntamente com a mencionada extinção da Casa dos Contos, reforçou a centralização das finanças do reino e domínios, processo que seria incrementado com a criação de juntas de Fazenda nas capitanias dos territórios pertencentes a Portugal, subordinadas diretamente ao Erário. Ainda nesse contexto, o Conselho da Fazenda transformou-se em tribunal de jurisdição voluntária e contenciosa, competindo-lhe julgar as causas relativas à arrecadação de rendas e bens e direitos da Coroa, continuando sob sua subordinação os armazéns de Guiné e Mina e a Casa da Índia ( Salgado, 1985, p. 45).

 

A ênfase dada às atividades de controle e vigilância do sistema financeiro estava ligada à emergência de novos princípios administrativos, que se pautavam pela promoção do bem-estar social, na linha de pensamento da ‘ciência da polícia’. A configuração de um poder de Estado, e não mais da Coroa, demandava um novo conjunto de requisitos, técnicas e recursos, o que justificava o processo de reformulação da administração (Cunha, s.d.; Subtil, 1993, p. 173). De fato, o alvará que criou o Erário determinou também a concentração da arrecadação, que antes estava separada em diversos órgãos, ordenou uma fiscalização mais ostensiva das repartições e deu instruções relativas aos procedimentos de arrecadação, realização de pagamentos e balanços. O método adotado, o das partidas dobradas, obrigava a uma descrição detalhada das receitas e despesas, devendo os livros de contabilidade registrar do lado esquerdo as entradas e, do direito, as saídas de dinheiro, o que possibilitava o acompanhamento do saldo a cada dia. Além disso, iniciou-se a utilização de novos tipos de registros, como a folha de caixa (diários), os balancetes (livros mestres) e os movimentos de receita e despesa (livros auxiliares) (Subtil, 1993, p. 173-174).

Fontes e Biografias do excerto. 

SALGADO, Graça (coord.). Fiscais e meirinhos: a administração no Brasil colonial. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985.

SUBTIL, José. O Ministério das Finanças (1801-1996): estudo orgânico e funcional. Lisboa: Ministério das Finanças, 1996. 

(Fim do excerto)

Conforme apresenta o excerto acima toda a organização contábil por livros, entradas e saídas fazem parte da ciência de gestão mercantil introduzida nas contadorias do Estado.

 

Aos poucos D. José exigiu a mesma gestão em muitas organizações privadas ou independentes como a Santa Casa da Misericórdia lembrando, por exemplo, que quando foi criada a Companhia dos Vinhos do Douro,  fez duas exigências à partida; primeiro que a contabilidade fosse executada no método mercantil e segunda, que seus deputados representantes fossem escolhidos nos mesmos critérios adoptados em Lisboa, cito documento por excerto de obra;  

“(…) Para ella escolheu Sua Magestade os Homens do mais estabelecido e provado credito, e de maior intelligencia do comércio que tinha esta Corte: Porque um estabelecimento mercantil, como o referido, nem se pode fundar, nem prosseguir senão pelo meio de tão acreditados, e peritos professores da sciência do comercio. O mesmo se deve praticar nesta cidade. E este é o ponto essencial sobre que devem verter as conferências que Vossa Exª a de ter com os referidos interessados (…).”  (1 a); (2 a). 

                                               

O Ano de 1760 foi de amadurecimento das reformas e também de absoluta incrementação das estratégias nacionais e internacionais no mecanismo mercantil e nas políticas do Reino; criaram-se os eixos norte e sul de gestão mercantil, a fundamental aula do comércio com a Junta do Comércio amadurecida, sem esquecer, que o terremoto trouxe para dentro das contadorias e secretarias do Reino centenas de profissionais de gestão estrangeirados e estrangeiros  falidos que D. José e o Conde de Oeiras souberam muito bem preservar e proteger. 

Chegava então o momento de anunciar  em Dezembro de 1761 a formalização  do Real Erário ou Erário Régio, mas que de facto já tinha nascido em ideia no princípio do Reinado e desenvolvido progressivamente dentro da Junta do Comércio entre 1755 e 1760 cuja referência e exigências eram claras; O Método Mercantil.

                                                    ***

Este excerto pertence ao segundo volume da obra (2 a) que está abaixo discriminado. No entanto o enquadramento  documental de toda a informação aqui apresentada está cronologicamente distribuída nos dois volumes da obra.   

(2 a) «Lisboa Mercantil e Maçónica, Portugal e Brasil Governados pela Junta do Comércio» Pág. 38  2* edição 2021. 

Fontes 

(1 a)  Burlamaqui. Mauro Sampaio, «A Verdadeira Equipa do Marquês de Pombal, os Mercadores Banqueiros e a Arte da Seda» 2016  5ª edição.  2021. 

(2 a)  Burlamaqui. Mauro Sampaio, «Lisboa  Mercantil e Maçónica, Portugal e Brasil governados pela Junta de Comércio» 1ª edição 2018 ; 2ª edição. 2021.

                                                           ***

Todos direitos reservados.

Este artigo é o primeiro de uma sequência que estão a ser desenvolvidos com base na documentação primária  contida na Obra «A Verdadeira Equipa do Marquês de Pombal, os Mercadores-Banqueiros e a Arte da Seda» apresentado  2016 na Torre do Tombo e que já conta com a sua 5ª edição e dois volumes seguintes o segundo apresentado em 2018 e o terceiro volume em 2021. 

Ver informação completa sobre os conteúdos e formato da obra no site oficial da em:

https://equipadomarquesdep.wixsite.com/marquesdepombal  

Contacto com o autor para Informações e encomendas da Obra pelo email:

equipadomarquesdepombal@gmail.com 

 

  

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